Quero começar já por dizer que não sou grande amante......................... de marisco. Não, não sou! Eu até como, mas acho que aquilo dá muita mão-de-obra, prefiro comidas em que tenha menos trabalho, tipo empadão ou bacalhau com natas que é só meter para a boca e engolir.
Já a minha querida mulher e a minha cunhada (irmã da minha mulher) são devotas de São Camarão. Quem lhes dá marisco dá-lhes tudo de tal forma que no aniversário da minha mulher, que está para breve, vou-lhe oferecer não um par de sapatos mas antes um par de sapateiras.
Isto tudo para vos dizer que já há um bom mês que elas me andam a melgar para ir jantar um tal rodízio de marisco ao restaurante do Clube de Ténis, proposta essa que eu fui recusando.
"
Anda lá..... vamos lá..... são só quinze euros por pessoa e podes comer o marisco que quiseres...." dizia a minha mulher ao qual eu respondia
".....hummmm...... quando a esmola é de mais o pobre desconfia..... vamos antes ao Mac Donalds...".
Resisti enquanto pude até que na Sexta-feira não aguentei mais e lá fui eu, contrariado e munido de todo o meu espírito crítico pensei "
pelo menos vou ter assunto para escrever.... lá vou eu tornar a dizer mal de um restaurante..... eh eh eh.....".Sentamo-nos à mesa e 15 minutos depois, marisco nem vê-lo. Eu já sorria entre dentes e magicava o que ia escrever. Estava eu nestes pensamentos quando sou acordado pelo tiro de partida. A corrida tinha começado. A partir desse momento era vê-las passar. Travessas a transbordar de marisco aterravam em todas as mesas.
Quando a nossa chegou à mesa pude apreciar a minha mulher em transe a olhar para uma travessa de meio metro coberta com uma sapateira, mexilhão, berbigão, percebo, camarão ao alho, gamba frita.
"E para acompanhar?", perguntam vocês, nada mais, nada menos do que gambas cozidas.
Ao ver aquilo o meu sorriso começou a dissipar-se. Ainda pensei "
isto é muita fruta.... quando quisermos mais vão fazer de conta que não nos ouvem...".Efectivamente não nos ouviram pois nem nos deram tempo de os chamar. Quando já só havia meia dúzia de camarões na travessa eis que esta é substituída por outra. Estava convencido, mas o melhor estava para vir.
Quando no fim estávamos em negociações se havia de vir um pires com percebos ou com mexilhões para acabarmos o resto do vinho eis que o empregado se chateia com a indecisão e pumba.... toma lá mais uma travessa ..... e nós feitos brutos comemo-la.
Por fim ainda veio a própria Rosa Amélia com mais um prato de percebos. No final, o resultado foi três travessas, um prato de percebos, 4 garrafas de verde, 4 finos e 4 cafés e uma ligeira indigestão provocada pelo exagero.
Acrescento só que não nutro grande simpatia pela Rosa Amélia mas desta vez tenho que lhe tirar o chapéu, ou no caso dela o lenço.
Nem mesmo o problema de sudação de um dos empregados (por ventura o mais antigo do estabelecimento) que brotava de todos os poros água suficiente para acabar com a seca no Alentejo me fez mudar de opinião.
Cinco estrelas, se ainda lá não foi, vá antes que a mama acabe.