Em semana de 7º aniversário do "Cu do Mundo" fica aqui um dos primeiros posts aqui publicados, ficando assim provado que sim! Sim! Já houve tempos em que se escrevia aqui algo de interessante......
X CONCURSO DE FOGO DE S. JOÃO
Os primeiros indícios de velhice começaram a manifestar-se há cerca de dois meses, quando depois de mais um animado jantar no Restaurante Escondidinho dei por mim a bebericar um digestivo e a assistir ao show das cubanas no casino, contribuindo assim para que a média de idades tenha descido drasticamente para os 72 anos. Na altura não fiquei muito preocupado pois pensei isto acontece pelo menos uma vez na vida de um homem.
Um mês depois, após um jantar na Cantina de S. Lourenço, estou a degustar um J&B no piano bar do casino. O caso estava a ficar mais grave.
Agora já tenho a certeza. Estou a ficar velho. Depois de três décadas em que o S. João durou até ao banho santo, este ano, e pela primeira vez, passei-o em casa.
E foi assim, por estar em casa, que tive o privilégio de poder assistir em directo na nossa televisão pública ao X Concurso de fogos de S. João.
Nas edições anteriores, o Porto só não ganhou no ano em que o fogueteiro se esqueceu dos fósforos para aceder o rastilho à coisa, não sei se estão recordados. Nesse ano, o primeiro lugar foi para Braga, ficando a Figueira da Foz em segundo.
Para quem não está familiarizado com este concurso, passo então a explicar o conceito. As cidades concorrentes são avaliadas em três categorias. Banda sonora, fogo de artificio e fogo preso, sendo a pontuação final a media das três categorias.
O sorteio deste ano ditou que seria o Porto a dar o sinal de partida, seguido de Braga e depois a Figueira da Foz.
Foi assim que, à meia-noite em ponto, se ouviram os primeiros acordes de Vangelis na cidade do Porto. A pontuação para a banda sonora foi muito fraca (3 pontos) por já estar muito batida, mas compensou na espectacularidade dos 35 minutos de fogo de artifício em tons de azul, obtendo para esta categoria 9 pontos. O fogo preso teve lugar na Ponte D. Luís e formou em letras garrafais e quem não salta é lampião o que levou os vários milhares de murcões que estavam a assistir ao delírio total. O júri achou que a frase não era própria para o S. João e penalizou-a dando só 5 pontos ao fogo preso. Média final 5.66.
Às vinte para a uma da manhã, arranca Braga ao som de Jean Michell Jarre. De tanto uso o CD começa aos saltos e grande parte do fogo é assistido sem música alguma. O júri achou que o silêncio era melhor que o Jean Michell Jarre e premiou a banda sonora com 6 pontos. O fogo de artifício, em tons de vermelho durou 29 minutos e foi pontuado com 7 pontos. O fogo preso não vi pois tive que ir fazer uma mijinha, mas teve 6 pontos. Média final para Braga, 6.33.
Era uma e vinte da matina, quando arrancou a Figueira da Foz. Foi ao som de Oh What A World de Rufus Wainwright. Embora esta musica tenha por fundo o Bolero de Ravel, o júri premiou a originalidade e o bom gosto com um valente 10. Seguiram-se 27 minutos de fogo, onde predominaram os tons amarelos e verdes da cidade. A Figueira estava bem lançada para uma histórica vitória. Mal sabíamos nós que o melhor estava guardado para o fim. A organização tinha reservado para o final em vez do típico fogo preso a dizer S. João da Figueira da Foz, um inovador fogo rasteiro nunca antes visto. Uma espécie de paintball mas com foguetes. Foi a loucura total no areal da Figueira da Foz. Como se tal não chegasse, ainda acabamos com a entrada em cena de 14 ambulâncias e carros do INEM. Digno de um filme Holywoodesco.
Resultado final. Vitória por KO para a Figueira da Foz.