Continuando a saga sobre os vários factores que fazem com que eu deteste o Natal, vou então agora falar das decorações de Natal.

Ainda não é sobre as decorações de Natal caseiras, como por exemplo a árvore de natal, o saco vermelho ao pé da lareira ou o ramalhete florido que pomos na porta. Não, esses ainda vão ficar para outro dia.

As decorações de que vou falar são daquelas que se põem nas ruas das nossas cidades. Sim..... aquelas que os comerciantes garantem melhorarem o negócio, como se nós ficássemos hipnotizados por aquela meia dúzia de gambiarras de cores berrantes.

O meu rancor com as iluminações é uma espécie de trauma de infância. Froid era bem capaz de ter uma teoria qualquer sobre esta coisa. O que me irrita, nem são as luzes mas sim aquele ritual patético de tirar a peida de casa e ir para o frio numa actividade a que se chama "vamos ver a iluminação de Natal...".

Porra pá, aquilo são luzes...... penduradas em árvores e edifícios…… a maioria delas brancas, provavelmente por serem mais baratas…… raios parta! A Câmara Municipal está o ano todo assim revestida e não me estão sempre a pedir para sair de casa para ir contemplar a dita cuja!!!!!

Este ritual persegue-me desde criança. Dai o meu trauma. Aliás, na altura ainda era pior. Eu já sou assim a modos que do século passado e antigamente as iluminações natalícias desta cidade eram umas extensões manhosas, com umas lâmpadas normais posteriormente pintadas e pumba, já estava! Ou seja, eram fraquinhas....... olhem, para os mais novos perceberem........ estão a ver as iluminações deste ano? Bom......... eram quase iguais.

Então se eram iguais porque é que eu me queixo que nessa época ainda era pior? Bom, porque a geração dos meus pais, como não tinha acesso a drogas alucinogenicas divertiam-se a olhar para as luzes até ficarem pedrados. Como cá não tinham isso, fazia-se romarias a Coimbra. E um gajo lá tinha que ir, ver as luzes e levar com os cabrões....... upsss, desculpem, coimbrões.

Em relação às luzes só tenho mais uma coisa a dizer. Nem sempre fui assim. Admito. Reconheço. Dou a mão à palmatória. Houve um ano em que eu gostei das ditas. Gostei tanto, mas tanto que era eu próprio que tinha a iniciativa de sair todos os dias de casa para percorrer toda a cidade, desde a Câmara Municipal até Buarcos. Foi no ano em que o meu querido Santana Lopes decidiu brindar os figueirenses com pais Natais em fila indiana pela avenida fora, todos eles com uns eroticos movimentos pélvicos!!!!

Ahhhhh grande Santana....... granda maluco, volta que estás perdoado!

Por isso é que eu gostava mas era dos presépios, ou melhor, do presépio, aquele ali bem perto da Câmara, feito à 500 anos. Como é sempre o mesmo ninguém, mas mesmo ninguém saia de casa para o ir ver.

A coisa andava a correr bem até que o padre da Paroquia de Buarcos, por certo sem beatas para aquecer, lembrou-se de transformar Buarcos na capital mundial do Presépio. Mas o que é aquilo????? Presépios por tudo quanto é canto!!!!

Parece uma urbanização própria, ali com os presépios todos geminados uns aos outros. E pronto, agora lá tenho eu que sair de casa para ir ver os 34254 presépios que há em Buarcos.

Eu bem digo à minha querida mulher que se e para ver burros e vacas dentro de uma casa em perfeita harmonia com humanos então sempre prefiro ir visitar o meu primo Lelo, ali junto à escolha numero 3.

Ao menos lá em vez de mirra ou insenço sempre posso trazer uma pedrita...

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