Tal como o nosso querido Presidente da República, eu também pensava "
nunca me engano e raramente tenho dúvidas". Sim, sim, leram bem. Eu escrevi pensava porque tenho que reconhecer que desta vez enganei-me.
Aqui há umas semanas, aquando da história do encerramento da maternidade do hospital da Figueira da Foz eu escrevi aqui que ia assistir de camarote a tudo isso porque, pensava eu então, os figueirenses iam, no máximo, participar num qualquer abaixo-assinado contra o encerramento da mesma.
Pois bem, peço desculpa pois enganei-me. Os figueirenses não só se manifestaram em massa como escolheram um lindo dia para o fazer. Na Sexta-feira Santa que passou. Que lindo!!! Passo a contar.
Pela primeira vez na minha vida, optei de livre vontade (pronto, okay, reconheço que a minha querida mulher me obrigou...) por ficar em casa na véspera de um feriado em vez de ir ai para uma tasca qualquer embebedar-me. Logicamente que esta opção teve consequências terríveis. Eu acordei à hora a que normalmente me estaria a deitar, ou seja, às 8:30 da matina. Ai que sacrilégio...
Estava um lindo dia e decidi assim montar na minha burra, que é como quem diz na minha bicicleta e ir dar uma voltinha pela marginal, apanhar aquela maresia na fuça, coisa que eu já não fazia para ai há uns bons cinquenta anos.
Foi assim que me deparei com algo que nunca tinha visto. Milhares.... qual milhares.... milhões..... talvez até centenas de figueirenses, povoavam as rochas, que devido à maré baixa teimavam em estar à mostra. Pareciam formigas de volta de uma mosca morta.
Fiquei intrigado com o que se passava e andei por ali, sempre montado na bicla, de um lado para o outro a tentar perceber o que é que se passava. De tanta volta, de um lado para o outro comecei a ficar enjoado e com fraquesa e tive que telefonar à minha querida esposa para me ir buscar a fim de ir urgentemente beber uma cerveja preta e não pude assim averiguar
in loco o que é que motivava aquele ajuntamento de figueirenses, mas passei estes dias a investigar.
Primeiro pensei "
deve ter dado à costa mais um tubarão, ou outra baleia e anda tudo ali a ver o bicho". Telefonei para as respectivas autoridades e não, não era nada disso.
Depois ainda me lembrei se não andaria por ali ninguém a oferecer porco no espeto mas não, já me disseram que não, que com tanta polémica o porco e o espeto vão tirar umas feriazitas.
Que raio seria aquilo. Pensei "
se calhar é mais algum anúncio da Vodafone!", mas não. Também liguei para a Vodafone e não, não era nenhum anúncio publicitário.
Até que ontem ouvi dizer no café que aquele ajuntamento de volta do mexilhão era um protesto organizado contra o encerramento da maternidade. Ahhhhhhh, afinal sempre se fez alguma coisa. Aliás, não só se fez como se fez algo original.
(
Trimmmmmmmmm, Trimmmmmmmmm, Trimmmmmmmm, toca o telephone).
"
Estou sim.... ai não???? Ahhhhhhh, ai foi? Não? Sim? Ahhhhhhhhh, obrigado".
Afinal tornei a enganar-me. O ajuntamento nada tinha a ver com uma manifestação contra o fecho da maternidade mas era sim uma tradição já muito antiga de apanha do mexilhão. É que na Sexta-feira Santa, como "não se pode" comer carne é tradição a apanha do mexilhão para o almoço.
Bom, ainda não foi desta que se fez a
manif. Fica para um dia destes.... talvez lá mais para o Natal.... que agora o Verão está ai à porta e temos que começar a trabalhar para o bronze.