
Como já o disse aqui, na época natalícia engordei cinco quilos. É um problema que eu tenho, esta tendência de engordar. Durante anos pensei que se devia à poluição do ar. O ar estava tão poluído que só respirá-lo me fazia engordar.
Foram precisas três juntas médicas para me convencerem que o mal era do meu estilo de vida sedentário e não do ar que respirava. Nessa altura comecei a tentar fazer algum exercício, só que o grande problema do exercício é que é muito cansativo e abre muito o apetite. Ainda assim consegui fazer três caminhadas no espaço de seis meses, o que deu a óptima média de uma caminhada a cada dois meses. Nada mau.
O que me começou a preocupar, é que de tanta actividade física, andava sempre cansado e isso começou a prejudicar o meu trabalho. Tudo mudou quando recebi um
spam que dizia "
emagreça enquanto dorme" e eu pensei logo "
olha aqui está uma boa coisa para substituir o exercício" e passei a dormir cerca de 12 horas por dia. Ao fim de seis meses reparei que me tinham enganado. Estava ainda mais gordo.
Quando na Sexta-feira tive que pedir ajuda à minha filha para me calçar as meias pois já não me conseguia baixar para o fazer eu próprio, pensei "
Basta! Amanhã vou mudar o meu estilo de vida."
Sábado, oito da matina, despertar. Pequeno-almoço, em vez do bacon com ovos, um copo de leite, um kiwi e uma laranja. Uma hora depois, continuava em casa à procura do fato de treino outrora vetado ao abandono. Ei-lo, finalmente.
10 Horas.
Ponto de partida - jardim municipal da Figueira da Foz.
Objectivo ? caminhada até ao jardim dos baloiços de Buarcos e voltar, cerca de seis quilómetros ao todo.
Vinte minutos depois, ia eu na zona do oásis, quando a guerra começa. A princípio ainda pensei que fosse do cheio a fossa existente na zona, mas depois percebi que era um conflito entre a laranja, o kiwi e o leite. O perigo de rebentamento era eminente e só havia palmeiras à vista. Ainda me passou pela cabeça ir para trás de uma mas à última da hora decide começar a correr em direcção à avenida na esperança de àquela hora da manhã algum dos restaurantes por ai existentes já estar aberto.
Os suores frios aumentavam e eu em passo de corrida pelas escadas acima só pensava "
ai que eu cago-me todo". Foi nesta altura que o milagre aconteceu. Hoje sou uma pessoa crente. No preciso momento em que saio do oásis à procura de uma tábua de salvação, vejo uma senhora de idade sair do gradeamento das escadas que se enterram pelo passeio abaixo e que levam ao que outrora tinha sido uns sanitários públicos, que eu e se calhar todos os figueirenses pensavam estar extintos desde o tempo dos dinossauros.
Perguntei à senhora se os ditos cujos estavam abertos, ao qual ela me respondeu "
estão sim senhora, mas para usar as retretes tem que pagar 20 cêntimos". O desespero era tão grande que peguei no único dinheiro que tinha em mãos (cinco euros) e dei-lhos, dizendo enquanto descia a escadas a toda a velocidade "
fique com o troco".
Aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh??????????.. aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...........ufa. Foi então que.......... esperem lá ................aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh................. merda do kiwi..........
Quando completei a obra surge a primeira surpresa. Papel higiénico, nem vê-lo. Chamar a senhora estava fora de questão, então, uma vez que estava sozinho, lá andei eu de cu para o ar, a espreitar pelos cantos todos à procura de algo com que limpar o dito cujo.
Lá encontrei uma bola de 1978. Tive que optar entre limpar o cu à cara do Jordão ou ao cabelo do Chalana. Depois da opção tomada surge a 2ª surpresa. Quando me preparo para puxar o autoclismo para enviar a minha obra para mar alto, este não funcionava. "
Mas porque é que eu sai de casa hoje?", pensei.
Como me considero uma pessoa civilizada não abandonei o lugar do crime e procurei alguma técnica McGyver para resolver a questão. Foi quando vi, junto ao lavatório, um garrafão de água vazio e com a zona do gargalo cortada. "
Estou safo", disse em voz alta. Seis viagens entre o lavatório e a retrete e o problema estava resolvido.
Quando regresso ao mundo dos vivos, encontro a senhora e digo-lhe "
olhe que a retrete do fundo está avariada, o autoclismo não funciona". Para meu espanto, ela respondeu-me "
Não é o autoclismo que está avariado. È a tubagem de água das retretes. Nenhuma tem água e já está assim à mais de dois anos. Tem que usar um garrafão que está ao pé do lavatório".
O que é que eu hei-de dizer?
Figueira da Foz, há dois anos na vanguarda da poupança de água. Não haja dúvida. Somos os maiores.
De Anónimo a 1 de Fevereiro de 2006 às 15:19
Simplesmente fabuloso! Obrigado por me fazer rir desalmadamente! Um abraço. AC
De
Peste a 1 de Fevereiro de 2006 às 17:42
Curioso como conseguimos rir desmesuradamente de coisas que no fim de contas são tão banais e que de uma forma ou de outra já passámos por aflições identicas... creio que foi a forma como expôs a situação. Parabéns, está fantástico
Realmente e preciso ter azar , mas pelo que vejo tambem ha pela figueira muita imaginacao.
Esta um post que dignifica o CU do mundo.
Bem haja pela risada.
De Anónimo a 3 de Fevereiro de 2006 às 13:34
De outro mundo. Ó Cú, para quando um livro de memórias?
De Penico a 6 de Fevereiro de 2006 às 19:31
Bom texto. Com ritmo, graça e imaginação.
Registo.
De Anónimo a 8 de Fevereiro de 2006 às 00:17
Bolas. Isto é verdade?
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