Sei que vos custa a acreditar mas tenho de admitir uma coisa. Sou humano! È verdade.... tenho uma costela de sex-machine mas a verdade é que sou de carne e osso, humano, com todos os defeitos inerentes a isso.
Cometo erros e estou longe de ser perfeito. Um dos meus maiores erros é quando me falta a paciência para as minhas crias. Elas não pediram para nascer e erro quando depois de um dia de trabalho chego a casa e ao convite por parte do Cuzinho para assistir com ele ao Ben10 eu recuso com a desculpa que tenho algo para fazer e me sento ao portátil a navegar na net.
Erro quando me falta a paciência para explicar os trabalhos de casa à Bundinha.
Erro quando os mando calar porque não me deixam ouvir as notícias.
Erro porque chego a casa cansado e depois de um dia inteiro sem os ver estou mortinho por os por na cama e poder finalmente ir também descansar. Sei que erro mas acaba por ser mais forte do que eu. Mais forte do que nós, pais! Todos sabem o que digo!
Agora que disse esta lamechice quero falar-vos do Pedro Ribeiro.
Descobri o Pedro Ribeiro por alturas do programa radiofónico “O homem que mordeu o cão!”. Abandonei-o durante os anos que o Marklesteve na Antena 3 simplesmente por fidelidade a este e voltei a reencontrá-lo agora novamente na Rádio Comercial.
Tenho alguma admiração por Pedro Ribeiro. Alguma, não muita, afinal de contas ninguém é perfeito e ele além de ter um olhar esquisito é benfiquista assumido. Ouço-o diariamente e sigo o seu blogue Dias Úteis e foi precisamente ai que dei de caras com este texto:
O dia em que aprendi o que é estar morto.
Hoje, estive morto. Senti que toda a vida se escapava pelo ar que, aflito e a custo, respirava, enquanto as lágrimas eram gritadas, louco no carro, os olhos à procura, à procura, à procura.
Morri, ali.
A minha filha deveria sair da Escola, na Parede, apanhar uma carrinha do ATL e eu ia buscá-la.
O que é que aconteceu? O cartão da escola, que supostamente controla as entradas e saídas dos alunos, valeu zero. Ela saiu, porque viu uma carrinha de ATL e entrou. Era o ATL errado. Ninguém lhe perguntou o nome, não houve uma chamada, nada. Ela entrou com uma colega e só após duas horas de aflição indizível, comigo à procura dela por todo o lado, é que o telefone tocou. De um "After School", a perguntar se eu era o pai de uma Mafalda Ribeiro, que eles tinham, aflita, a pedir para ligarem ao pai. Aliás foi ela que falou: "papá?"
Durante duas horas, morri. Percorri ruas de possíveis percursos, olhei para todas as sombras, parques infantis, supermercados, escola antiga, liguei para os pais de colegas dela, todos os absurdos e horrores passaram pelaminha cabeça, chamei o seu nome, entre choro, em ruas e em todos os recantos da escola. Nada. Evaporou-se. Horrível. Uma tristeza, uma aflição, um horror que nunca mais vou esquecer. E quando o telefone tocou e era ela, aquela voz doce da minha princesa, minha vida, meu ar, meu sopro de vida, eu soube o que era renascer. E desfiz-me em lágrimas de novo, e dali até ao tal After School, que teve a minha filha à sua guarda por engano, até elapedir para ligarem ao pai, levei um segundo e levei toda a vida. Obrigado meu Deus, obrigado! Estacionei às tês pancadas, voei em passo trocado de nervos, pela rua fora, Mafaldinha, Mafaldinha, Mafaldinha, cego de amor aflito, só há descanso e vida quando a abraçar e estiver tudo bem.
Quando a abracei, e ela, agarrada a mim, me disse, apenas: "Olá Papá" eu soube que tinha renascido. E ela também, coitadinha.
Como cartão de visita da nova escola, estou esclarecido. Tantas referências boas e afinal é isto: no primeiro dia, por maioria de razão, deveria existir um ainda mais rigoroso controlo de entradas e saídas, mas quando cheguei o portão estava escancarado, como deveria estar quando a Mafalda viu uma carrinha do ATL a chegar, estava na hora e ela saiu da escola e entrou na carrinha. Ninguém perguntou nada, ninguém fez nada.
E um ATL mete um grupo de crianças numa carrinha, não pergunta nomes, não verifica nada e só ao fim de duas horas é que, perante a aflição de uma criança de 10 anos a pedir para ligarem ao pai é que se acaba com este horror?
Quando penso na forma como desaparecem crianças, para sempre, todos os dias, penso que esses pais e filhos terão sentido isto, e muitos, mesmo sobrevivendo, morreram para sempre.
Eu tive a sorte de poder renascer.
E sei que, a partir de hoje, ganhei uma nova causa: fazer tudo o que estiver ao meu alcance para contribuir para uma Escola responsável, atenta, segura, onde os nossos filhos aprendem e podemos, enquanto pais, estar descansados.
Quando depois desta tarde de horror, fui buscar o pequeno Gonçalo ao colégio e ele me disse, comprometido, "Papá, parti os óculos a jogar à bola" eu disse para mim: que importância é que isso tem? Nenhuma, realmente, não tem nenhuma importância.
Não podia dizer-lhe que o pai hoje tinha aprendido o que é morrer, e tinha tido a bênção de poder nascer de novo.
Vou imprimir e colocar em cima do portátil para o ler sempre que pretendo trocar um episódio do Ben 10 por uma navegação na Internet.
Vou imprimir e colocar na secretaria da Bundinha para o ler enquanto a ajudo nos TPC’s.´
Quanto a ti, Pedro, obrigado por me fazeres lembrar de quais são as coisas realmente importantes da vida.
.
Costuma dizer-se que gostamos de todos os filhos da mesma maneira. Posso até concordar com isso. Agora que não os tratamos da mesma maneira, não!
Por exemplo, quando a minha filha nasceu, como qualquer pai que se preza, o ritual do banho demorava mais na preparação do que o banho propriamente dito. Enchia-se a banheira de água, metia-se o termómetro lá dentro e era impiedoso que a temperatura da água estivesse a 37ºC com uma tolerância que poderia variar no máximo em 0.001ºC.
Com o meu filho já não me dei a esse trabalho. Enchia a banheira, espetava lá o meu cotovelo e depois enfiava-o lá dentro. A temperatura da água era assim calculada à zona. Devia andar pelos 37ºC com uma tolerância de mais ou menos 5ºC.
Não tenho mais nenhum filho, pelo menos que eu saiba, mas se tivesse outro já ia ser: encher a banheira e mandá-lo logo lá para dentro. Se o gajo gritasse era sinal que a água era capaz de estar um bocado quente!
Outra coisa que se faz com os filhos é tentar encaminhá-los para a profissão certa.
“Então o que queres ser quando fores grande?”, perguntava eu à Bundinha.
“Quero ser dançarina”.
“Não queres nada. Queres ser médica”, respondia eu.
“Então o que queres ser quando fores grande?”, perguntava eu à Bundinha.
“Quero ser cantora”.
“Não queres nada. Queres ser engenheira”, respondia eu.
“Então o que queres ser quando fores grande?”, perguntava eu à Bundinha.
“Quero ser Dj”.
“Não queres nada. Queres ser advogada”, respondia eu.
O que é certo, é que por mais que eu tente orientá-la para uma profissão que a possibilite vir a ser presidente de uma autarquia já me apercebi, observando-a no dia-a-dia, que as suas potencialidades vão para as artes. Não a dança nem o canto mas as artes plásticas, cujos atributos herdou dos avós. Juntando isso a uma imaginação extremamente fértil (aqui já não faço ideia a quem é que ela sai) que por enquanto só é utilizada para me espetar umas valentes petas, auguro-lhe um futuro brilhante.
Ao Cuzinho nem lhe pergunto nada. Primeiro porque com três anos ainda não me sabe responder a isso. Segundo porque também já o observei e já vi as suas vocações.
Bola nem vê-la, pelo que está posto de parte a oportunidade de vir a ter um Cristiano Ronaldo cá em casa. Ora bolas!!!!
O Cuzinho demonstrou até ao momento duas áreas para que se ajeita. A primeira foi como decorador. Sim, sim, já sei que é uma coisa um bocado abichanada e eu próprio, ao início não gostei muito da ideia, mesmo sendo numa área especializada como é a decoração de aquários.
(Design by Cuzinho. - Não se preocupem que o bicho da direita não está morto. Também é de plástico!)
Claro que quando ele uns dias depois me demonstrou a segunda habilidade que sabia fazer eu até que vi a actividade de decorador com bons olhos.
“Então o que é que o Cuzinho já sabe fazer”, perguntam os mais curiosos.
É com algum orgulho que digo que ontem, o meu querido filho foi ao WC sozinho, fazer aquilo a que se costuma chamar número 2. Com apenas 3 anos já o faz sem ajuda.
“Então e limpa o pacote?”, questionam vocês. Após uma intensa investigação ao melhor estilo CSI pude apurar pela observação do cuecame que umas vezes sim e outras não. Mas digo-vos mais. O sobredotado chavalito até usa o piaçaba de design Miguel Vieira que eu tenho. Aplausos por favor!!!!!
Claro que o facto de o usar sem primeiro puxar o autoclismo é um pequeno pormenor.
Já o facto de escolher esse preciso momento para utilizar o dito piaçaba e me mostrar que gostava de ser pintor de paredes não foi uma grande ideia não senhor. Felizmente para ele eu tinha uma embalagem de Xanax em casa e consegui acalmar-me.... e felizmente para mim a casa de banho tem azulejos e o cabrão do puto ainda não chega ao tecto!!!!
.