Hoje vou falar-vos da minha casa. Vivo numa casa do BPI e pago uma pipa de massa para que esta entidade bancária não me corra daqui para fora.
A minha casa é agradável à vista, mas quando se olha de perto vê-se bem as rachadelas na parede, as manchas na tinta ou uma ou outra falha nos mosaicos.
A coisa que mais me desagrada na minha casa é que as paredes parecem de papel. O puto do lado direito chora e eu levanto-me por pensar que é o meu. O vizinho da direita dá uma na mulher e eu fico a conhecer a sua devoção católica com tanta evocação a Deus.
Mas o que eu mais aprecio na minha casa é que ela tem 9 torneiras. Três dessas torneiras são exteriores e foi precisamente uma dessas que quase me levou à loucura.
À cerca de dois meses reparei que por baixo da torneira junto à garagem o chão estava sempre húmido de manhã. Como sou engenheiro e não meteorologista achei que aquilo era resultado do orvalho nocturno e não liguei.
Como sou muito ocupado demorei uns dias a reparar que mesmo naqueles dias quentes já fora de época o chão continuava molhado. Estava na hora de tomar uma atitude. Uma semana depois pequei numa faca, cortei uma garrafa de água de litro e meio e pendurei-a com uma corda na torneira. Engenhoso, não? Conclui assim que a torneira estava a vedar mal e que perdia cerca de um litro de água a cada três dias.
Tinha que combater este desperdício! Deu-me um bocado de trabalho mas fi-lo passando a regar as plantas com essa água. Ao fim de um mês tive de abandonar este elaborado plano pois sofri uma valente contrariedade. A doença da torneira piorou e passou a perder um litro de água por dia. Ainda mantive a terapia durante uns dias mas quando a primeira planta morreu de podridão por excesso de água tive de passar a uma técnica mais definitiva.
O primeiro passo foi comprar uma torneira nova. Demorou cerca de três dias até ganhar coragem para desembolsar por uma torneira o equivalente a uma table dance. Fiquei de tal maneira afectado que de seguida a torneira passou por uma quarentena de uma semana até eu ganhar coragem para a aplicar.
A aplicação da torneira seria o terceiro e ultimo passo de todo o processo. O segundo passo seria retirar a torneira deteriorada. Fecho a entrada do contador da água, agarro na chave-inglesa e pumba…… chego à conclusão que a dita chave não tem abertura suficiente para o sextavado da torneira. Missão abortada.
No dia seguinte passo por casa do meu progenitor e rapto-lhe uma chave-inglesa maior e duas chaves de bocas. Uma 28-26 e uma 26-24. Tinha chegado a hora da torneira dizer “adeus mundo cruel!!!”.
Pego na chave 28 e pumba…… chego à conclusão que é grande. Viro-a para usar a medida 26 e agora sim, pumba….. é pequena. Mas que merda de medida é esta????, penso eu já a perder a paciência.
Vou buscar a chave-inglesa e pumba….. apercebo-me que afinal aquele aspecto de quem tinha sobrevivido à guerra do ultramar tinha algum sentido. A chave está cheia de folgas, desencaixa-se do sextavado e como consequência deixo parte da palma da mão fundida na rugosidade da parede. Estava declarada guerra à torneira! Coloquei a chave fora da zona sextavada, junto ao manípulo de abertura, e está de aplicar toda a musculatura ganha neste ultimo mês de ginásio.
Não a consegui tirar, mas dei cabo dela. Agora já não pingava. Agora corria em bica! O que eu desejei ter uma marreta naquele momento. Pequei num saco plástico e ventilei durante breves minutos. De seguida dei-me por derrotado nesta batalha.
A guerra ainda não estava perdida. No dia seguinte voltei com um alicate de pressão!!!! Era a minha última tentativa. Se desta vez não conseguisse estava disposto a contratar uma equipa de guerreiros mercenários. Aquilo a que no norte chamam de picheleiros!
Pego no alicate e com ele aperto o gasganete à torneira. Faço força….. força….. força…… e três peidos depois está a dita fora do sistema de canalização. Foi lindo de ver, eu ali de joelhos, músculos empolados, fita na cabeça e de braços para o céu, com a torneira em punho a gritar…. Aahhhhhhhhhrrrrrrrr. Desculpem este último desabafo, mas acabei de ver o filme “Rambo” e ainda estou um bocado apanhado.
Finalmente o passo final. Pequei na nova torneira que digasse já estava bem marinada de tanto tempo na prateleira e toma!!!! Apliquei-a!!!
Aqui está a prova disto tudo que aqui contei. Olhem para ela tão linda!!!
Não, não sou mau fotógrafo. A foto está direita. Sou é mau canalizador!
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